Morar no Rio de Janeiro, especialmente na Zona Sul, é um sonho compartilhado por muita gente que deseja viver uma vida digna de uma “Heleninha” de Manoel Carlos. Entre o mar, a rotina leve e o charme que só o Rio tem, bairros como Leblon e Ipanema viraram símbolo de desejo — mas um desejo caro. Por ali, o metro quadrado não só ultrapassa os R$ 30 mil como, em algumas ruas, chega a atingir R$ 50 mil sem cerimônia.
Os principais levantamentos imobiliários do país mostram que o topo desse ranking se concentra exatamente nesses poucos metros de areia e asfalto tão disputados. No primeiro lugar, a Avenida Delfim Moreira, no Leblon, onde o m² gira em torno de R$ 55 mil. Em seguida, a Avenida Epitácio Pessoa, entre a Lagoa e Ipanema, que mantém médias próximas de R$ 33 mil.
Há quem diga que a Delfim Moreira é a síntese do que o Leblon representa. O endereço acompanha toda a orla do bairro, saindo da Vieira Souto e seguindo até a Niemeyer, sempre colado ao mar. Um trecho curto, valorizado e com uma vista que dispensa apresentação.
Ali, prédios discretos, mas de padrão elevado, dividem espaço com moradores que buscam o que o bairro tem de melhor: rotina prática, sensação de segurança e a tal vida com “pé na areia” que move tanta gente. A vizinhança ajuda a compor o cenário. O Baixo Bebê segue atraindo famílias; o Azur e o La Cevicheria viraram paradas obrigatórias; e os bares e cafés pelas ruas internas dão o tom do bairro mais caro da cidade.
Como quase não há espaço para novos prédios, a oferta é baixa e a procura nunca diminui. O resultado é um conjunto de imóveis que se mantém no topo da lista dos mais caros e mais disputados do Rio, muitos deles com vista permanente para o mar, privilégio que por si só já agrega valor imobiliário.
Do outro lado do mapa afetivo da Zona Sul, a Avenida Epitácio Pessoa contorna a Lagoa Rodrigo de Freitas e liga três bairros de peso, Lagoa, Ipanema e Leblon. A via, batizada em homenagem ao ex-presidente Epitácio Pessoa, virou endereço de mobilidade fácil, lazer farto e rotina bem carioca.
Ao longo da avenida, marcos conhecidos ditam o movimento: a sede náutica do Botafogo, o Parque do Cantagalo, a Ilha dos Caiçaras. A Lagoa, por si só, já basta. Ciclovia, pista de corrida, áreas de piquenique, os pedalinhos que nunca saem de moda, quiosques com música ao vivo. Tudo isso criando um clima de cidade que respira ao ar livre.
Restaurantes e bares com vista para a lagoa completam o pacote, assim como a curta distância para o Jardim Botânico e o Parque Lage, dois dos lugares mais queridos pelos cariocas.
A região ainda tem uma rede robusta de serviços, como escolas, hospitais, mercados e tudo o que facilita o dia a dia. Essa soma faz com que a valorização imobiliária da Epitácio Pessoa seja constante e quase previsível. Quem compra ali não compra só metragem, mas estilo de vida.
Afinal, o que faz esses endereços custarem tanto?
Esses endereços têm como ponto comum a combinação de pouca oferta de imóveis, boa estrutura urbana e um público que valoriza mobilidade, conveniência e segurança — além da possibilidade de resolver quase tudo a pé.
O metro quadrado, nesses locais, já não é definido apenas pelo tamanho do imóvel ou pelo acabamento. O valor leva em conta o conjunto de atributos que moldam a rotina dos moradores, como acesso a serviços, variedade gastronômica, oferta cultural, áreas para prática de esportes e a possibilidade de reduzir deslocamentos no dia a dia. É isso que transforma esses endereços nos mais desejados e nos mais caros da cidade.